Thursday, June 27, 2013


Da janela iluminada ouvi sua voz em bela canção de seresta.
Recebi rosas, lancei sortilégios  para sempre.

E a dor de meu Adeus 
ainda sopra no vento


Pela janela
Entra o vento,
apaga a vela,
enxuga o pranto
da vã vigília


Atrás de grandes janelas
vultos nobres esgueiraram
seus amores incontidos,
suas dores sufocadas
sua humanidade reprimida
pelo manto frio
das monarquias

sem pulsação.

Wednesday, June 26, 2013



Atrás da  janela  fechada 
insiste o ritornelo
da canção do Adeus que, murmura
 uma saudade moribunda

Atrás da velhas
janelas
fechadas
dormem sonhos,
choram saudades,
calam-se segredos

incontáveis.

Na janela 
a estampa,
a Planta,

a tampa 
da dor.
Pela janela entreaberta 
o olhar se estendeu
 no imenso  vazio 
da eterna saudade 
a espera de ti.
As janelas são para mim, ponto de entrada de luz, de lua, de estrelas, da noite densa, de tempestades, da chuva.
São dos pirilampos, o caminho em tempos de trigais. A entrada das cantigas da incansável orquestra das cigarras, nos dia de sol. São  o fio de  entrada da luz tênue do amanhecer que meus olhos gostam de acompanhar no horizonte. Carregam também o signo da sensibilidade às influências externas e o vão de vazão de explosões internas. As janelas, enfim, são para mim, um símbolo da consciência e um portal para o inconsciente. Nelas me debruço e para elas miro sempre com a intensão de projetar-me além de meus limites ou para adivinhar-lhes segredos e sonhar mundos outros, quando fechadas querem esconder ou impedir algo. Abrem-se, agora, minhas janelas para encontros e, olhares e, sentidos. 

A VIDA DAS JANELAS

Uma janela arquitetônica e materialmente falando-se é sempre e ao mesmo tempo uma abertura e uma vedação. Materialmente se interpõe entre paredes. Pode ser o vazio desta parede, a ruptura para um nada, ou para um tudo que virá depois. Pode ser uma boca que se cala, um corpo que se esconde um som que se sufoca, um amor  que se finda, para nunca mais.
Ela pode levar nosso olhar para o fora, para o exterior, para o longínquo ampliando a extensão de nosso olhar, como pode também convidar nosso olhar atento, ou distraído a querer ver o que está dentro, o que poder-se-ia ver por trás de uma janela, semi-aberta, entre-aberta, fechada.
Vejo a minha janela e todas as janelas como um signo de  receptividade, da abertura para as influências vindas de fora e para que aquilo que habita os recônditos de nossa alma salte aos olhos dos que sabem ver.