Uma janela
arquitetônica e materialmente falando-se é sempre e ao mesmo tempo uma abertura
e uma vedação. Materialmente se interpõe entre paredes. Pode ser o vazio desta
parede, a ruptura para um nada, ou para um tudo que virá depois. Pode ser uma
boca que se cala, um corpo que se esconde um som que se sufoca, um amor que se finda, para nunca mais.
Ela pode levar nosso olhar para o fora, para o
exterior, para o longínquo ampliando a extensão de nosso olhar, como pode
também convidar nosso olhar atento, ou distraído a querer ver o que está
dentro, o que poder-se-ia ver por trás de uma janela, semi-aberta,
entre-aberta, fechada.
Vejo a
minha janela e todas as janelas como um signo de receptividade, da abertura para as
influências vindas de fora e para que aquilo que habita os recônditos de nossa alma salte aos olhos dos que sabem ver.